terça-feira, 29 de maio de 2012

Geoconservação e geoturismo


Não é sensato proteger apenas os elementos excepcionais....é na proteção das pequenas coisas que se revela o verdadeiro empenho da conservação, a real compreensão do que significa e para que serve preservar. Desprezar os detalhes, descurar os contextos, é como tentar preservar a floresta mas deixar abater as árvores (...).se protegermos e valorizarmos as pequenas coisas, as grandes estarão protegidas por arrastamento (Marques da Silva, 2005).

A Humanidade ao depender dos recursos naturais para viver devia ter-se preocupado desde cedo em fazer uma utilização consciente dos mesmos, uma vez que muitos deles não são renováveis. Cega por a adaptar a mãe natureza às suas necessidades, foi destruindo a bio e geodiversidade existente.

A geodiversidade é vulnerável e está muitas vezes ameaçada, contudo a mesma pode ser utilizada em abono do Homem, se for alvo de estratégias de geoconservação devidamente fundamentadas, aplicadas e utilizadas de forma sustentável, como geo-recurso. Uma dessas formas é o geoturismo conduzida de forma sustentável e prevista nos atuais instrumentos de ordenamento e gestão territorial.

Mas o que é o geoturismo?

O geoturismo é um conceito de turismo rela­tivamente recente e que pode ser genericamente definido como um turismo de natureza, realizado por pessoas que têm o interesse em conhecer mais os aspetos geológicos e geomorfológicos de um determinado local.

Para Ruhkys (2007), pode ser definido como um segmento da atividade turística que tem o património geológico como seu principal atrativo e procura a sua proteção por meio da conservação dos seus recursos e da sensibilização do turista, utilizando, para isto, a interpretação deste património tornando-o acessível ao público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da Terra.

Não causará este tipo de turismo impactes no ambiente?

Qualquer atividade humana produz impactes no ambiente onde é realizada. O turismo, neste caso o geoturismo, não foge a essa regra.

Como impactes negativos podem ser citados os danos aos sítios geológicos, decorrentes da utilização excessiva e/ou incorreta, a colheita de souvenirs, vandalismo e remoção ilegal de itens como fósseis e minerais, e a geração de benefícios económicos pode ser limitada se a maioria das pessoas empregadas não for da comunidade local.

Contudo não nos podemos esquecer que este tipo de turismo é ainda relativamente recente e desta forma os seus impactes não estão totalmente compreendidos e enumerados.

No que toca aos impactes positivos estão relacionados com a conservação do Patrimônio Geológico, a compreensão do ambiente através de uma educação geológica e ambiental dos visitantes, gerando um aumento da consciência da população local e turistas a respeito do Patrimônio Geológico.

De acordo com Brilha (2005), o geoturismo procura minimizar o impacte ambiental e cultural exercido sobre os locais e populações, que recebem este tipo de turistas. Caracteriza-se por:

• “Respeitar os destinos turísticos pela aplicação de estratégias de gestão de modo a evitar modificações nos habitats naturais, no património cultural e paisagístico e na cultura local;
• Conservar os recursos e minimizar a poluição, o lixo, o consumo energético e o uso de água;
• Respeitar a cultura local e tradições;
• Promover a qualidade em detrimento de quantidade.

As vantagens deste tipo e turismo relativamente ao tradicional são:

• Não está restrito a variações sazonais tornando-o atrativo ao longo de todo o ano;
• Não está dependente dos hábitos da fauna;
• Pode desviar turistas de locais sobrelotados;
• Pode complementar a oferta em zonas turísticas;
• Pode promover o artesanato com motivos ligados à geodiversidade local.”

Concluo referindo que se o geoturismo for bem planeado e direcionado pode contribuir para a proteção do património geológico, inclusive in situ, uma vez que este tipo de turismo possibilita que os turistas possam, entender e valorizar o património natural, tornando-o mais sustentável, quer ao nível do impacte ambiental, quer ao nível da comunidade local e apreciar a herança histórico-natural de uma determinada região.






Bibliografia:

Documentação gentilmente cedida pela Professora.

AMORIM, David – Relatório de Campo: Geologia, Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo em Morro Chapéu/ BA (NE - Brasil). Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL. 2009. Consultado a 27 de Maio de 2012. Disponível em WWW: http://www.geograficas.cfh.ufsc.br/arquivo/ed05/rel03ed05.pdf.

CAETANO, Paulo S. e LAMBRETO Vítor - Geoturismo slow e valorização da geodiversidade da região de Sesimbra. Journal of Tourism and Sustainability. Vol I, nº 2 (2011), p 37-48. Consultado a 27 de Maio de 2012. Disponível em WWW: http://www.lets-isla.com/docs/Volumes/Vol_I/Num_2/05%20- %20Caetano%20&%20Lamberto%202011.pdf.


Com os meus cumprimentos,
LA.

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