Não é sensato
proteger apenas os elementos excepcionais....é na proteção das pequenas coisas
que se revela o verdadeiro empenho da conservação, a real compreensão do que
significa e para que serve preservar. Desprezar os detalhes, descurar os
contextos, é como tentar preservar a floresta mas deixar abater as árvores
(...).se protegermos e valorizarmos as pequenas coisas, as grandes estarão
protegidas por arrastamento (Marques da Silva, 2005).
A Humanidade ao depender dos recursos naturais
para viver devia ter-se preocupado desde cedo em fazer uma utilização consciente
dos mesmos, uma vez que muitos deles não são renováveis. Cega por a adaptar a mãe
natureza às suas necessidades, foi destruindo a bio e geodiversidade existente.
A geodiversidade é vulnerável e está muitas
vezes ameaçada, contudo a mesma pode ser utilizada em abono do Homem, se for
alvo de estratégias de geoconservação devidamente fundamentadas, aplicadas e
utilizadas de forma sustentável, como geo-recurso. Uma dessas formas é o
geoturismo conduzida de
forma sustentável e prevista nos atuais instrumentos de ordenamento e gestão
territorial.
Mas o que é o geoturismo?
O geoturismo é um conceito de turismo relativamente recente e que
pode ser genericamente definido como um turismo de natureza, realizado por
pessoas que têm o interesse em conhecer mais os aspetos geológicos e
geomorfológicos de um determinado local.
Para
Ruhkys (2007), pode ser definido como um segmento da atividade turística que
tem o património geológico como seu principal atrativo e procura a sua proteção
por meio da conservação dos seus recursos e da sensibilização do turista,
utilizando, para isto, a interpretação deste património tornando-o acessível ao
público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento das
ciências da Terra.
Não causará este
tipo de turismo impactes no ambiente?
Qualquer
atividade humana produz impactes no ambiente onde é realizada. O turismo, neste
caso o geoturismo, não foge a essa regra.
Como
impactes negativos podem ser citados os danos aos sítios geológicos,
decorrentes da utilização excessiva e/ou incorreta, a colheita de souvenirs,
vandalismo e remoção ilegal de itens como fósseis e minerais, e a geração de
benefícios económicos pode ser limitada se a maioria das pessoas empregadas não
for da comunidade local.
Contudo
não nos podemos esquecer que este tipo de turismo é ainda relativamente recente
e desta forma os seus impactes não estão totalmente compreendidos e enumerados.
No
que toca aos impactes positivos estão relacionados com a conservação do Patrimônio
Geológico, a compreensão do ambiente através de uma educação geológica e
ambiental dos visitantes, gerando um aumento da consciência da população local
e turistas a respeito do Patrimônio Geológico.
De acordo com Brilha (2005), o geoturismo procura minimizar o
impacte ambiental e cultural exercido sobre os locais e populações, que recebem
este tipo de turistas. Caracteriza-se por:
• “Respeitar os destinos turísticos pela aplicação de estratégias
de gestão de modo a evitar modificações nos habitats naturais, no património
cultural e paisagístico e na cultura local;
• Conservar os recursos e minimizar a poluição, o lixo, o consumo
energético e o uso de água;
• Respeitar a cultura local e tradições;
• Promover a qualidade em detrimento de quantidade.
As vantagens deste tipo e turismo relativamente ao tradicional
são:
• Não está restrito a variações sazonais tornando-o atrativo ao
longo de todo o ano;
• Não está dependente dos hábitos da fauna;
• Pode desviar turistas de locais sobrelotados;
• Pode complementar a oferta em zonas turísticas;
• Pode promover o artesanato com motivos ligados à geodiversidade
local.”
Concluo referindo que se o geoturismo for bem planeado e
direcionado pode contribuir para a proteção do património geológico, inclusive in situ, uma vez que este tipo de turismo
possibilita que os turistas
possam, entender e valorizar o património natural, tornando-o mais sustentável,
quer ao nível do impacte ambiental, quer ao nível da comunidade local e
apreciar a herança histórico-natural de uma determinada região.
Bibliografia:
Documentação gentilmente cedida pela Professora.
AMORIM, David – Relatório de Campo: Geologia, Geodiversidade,
Geoconservação e Geoturismo em Morro Chapéu/ BA (NE - Brasil). Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL.
2009. Consultado a 27 de Maio de 2012. Disponível em WWW: http://www.geograficas.cfh.ufsc.br/arquivo/ed05/rel03ed05.pdf.
CAETANO, Paulo S. e LAMBRETO Vítor - Geoturismo slow e valorização
da geodiversidade da região de Sesimbra. Journal
of Tourism and Sustainability. Vol I, nº 2 (2011), p 37-48. Consultado a 27
de Maio de 2012. Disponível em WWW: http://www.lets-isla.com/docs/Volumes/Vol_I/Num_2/05%20-
%20Caetano%20&%20Lamberto%202011.pdf.
Com
os meus cumprimentos,
LA.
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