terça-feira, 29 de maio de 2012

Geoconservação e geoturismo


Não é sensato proteger apenas os elementos excepcionais....é na proteção das pequenas coisas que se revela o verdadeiro empenho da conservação, a real compreensão do que significa e para que serve preservar. Desprezar os detalhes, descurar os contextos, é como tentar preservar a floresta mas deixar abater as árvores (...).se protegermos e valorizarmos as pequenas coisas, as grandes estarão protegidas por arrastamento (Marques da Silva, 2005).

A Humanidade ao depender dos recursos naturais para viver devia ter-se preocupado desde cedo em fazer uma utilização consciente dos mesmos, uma vez que muitos deles não são renováveis. Cega por a adaptar a mãe natureza às suas necessidades, foi destruindo a bio e geodiversidade existente.

A geodiversidade é vulnerável e está muitas vezes ameaçada, contudo a mesma pode ser utilizada em abono do Homem, se for alvo de estratégias de geoconservação devidamente fundamentadas, aplicadas e utilizadas de forma sustentável, como geo-recurso. Uma dessas formas é o geoturismo conduzida de forma sustentável e prevista nos atuais instrumentos de ordenamento e gestão territorial.

Mas o que é o geoturismo?

O geoturismo é um conceito de turismo rela­tivamente recente e que pode ser genericamente definido como um turismo de natureza, realizado por pessoas que têm o interesse em conhecer mais os aspetos geológicos e geomorfológicos de um determinado local.

Para Ruhkys (2007), pode ser definido como um segmento da atividade turística que tem o património geológico como seu principal atrativo e procura a sua proteção por meio da conservação dos seus recursos e da sensibilização do turista, utilizando, para isto, a interpretação deste património tornando-o acessível ao público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da Terra.

Não causará este tipo de turismo impactes no ambiente?

Qualquer atividade humana produz impactes no ambiente onde é realizada. O turismo, neste caso o geoturismo, não foge a essa regra.

Como impactes negativos podem ser citados os danos aos sítios geológicos, decorrentes da utilização excessiva e/ou incorreta, a colheita de souvenirs, vandalismo e remoção ilegal de itens como fósseis e minerais, e a geração de benefícios económicos pode ser limitada se a maioria das pessoas empregadas não for da comunidade local.

Contudo não nos podemos esquecer que este tipo de turismo é ainda relativamente recente e desta forma os seus impactes não estão totalmente compreendidos e enumerados.

No que toca aos impactes positivos estão relacionados com a conservação do Patrimônio Geológico, a compreensão do ambiente através de uma educação geológica e ambiental dos visitantes, gerando um aumento da consciência da população local e turistas a respeito do Patrimônio Geológico.

De acordo com Brilha (2005), o geoturismo procura minimizar o impacte ambiental e cultural exercido sobre os locais e populações, que recebem este tipo de turistas. Caracteriza-se por:

• “Respeitar os destinos turísticos pela aplicação de estratégias de gestão de modo a evitar modificações nos habitats naturais, no património cultural e paisagístico e na cultura local;
• Conservar os recursos e minimizar a poluição, o lixo, o consumo energético e o uso de água;
• Respeitar a cultura local e tradições;
• Promover a qualidade em detrimento de quantidade.

As vantagens deste tipo e turismo relativamente ao tradicional são:

• Não está restrito a variações sazonais tornando-o atrativo ao longo de todo o ano;
• Não está dependente dos hábitos da fauna;
• Pode desviar turistas de locais sobrelotados;
• Pode complementar a oferta em zonas turísticas;
• Pode promover o artesanato com motivos ligados à geodiversidade local.”

Concluo referindo que se o geoturismo for bem planeado e direcionado pode contribuir para a proteção do património geológico, inclusive in situ, uma vez que este tipo de turismo possibilita que os turistas possam, entender e valorizar o património natural, tornando-o mais sustentável, quer ao nível do impacte ambiental, quer ao nível da comunidade local e apreciar a herança histórico-natural de uma determinada região.






Bibliografia:

Documentação gentilmente cedida pela Professora.

AMORIM, David – Relatório de Campo: Geologia, Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo em Morro Chapéu/ BA (NE - Brasil). Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL. 2009. Consultado a 27 de Maio de 2012. Disponível em WWW: http://www.geograficas.cfh.ufsc.br/arquivo/ed05/rel03ed05.pdf.

CAETANO, Paulo S. e LAMBRETO Vítor - Geoturismo slow e valorização da geodiversidade da região de Sesimbra. Journal of Tourism and Sustainability. Vol I, nº 2 (2011), p 37-48. Consultado a 27 de Maio de 2012. Disponível em WWW: http://www.lets-isla.com/docs/Volumes/Vol_I/Num_2/05%20- %20Caetano%20&%20Lamberto%202011.pdf.


Com os meus cumprimentos,
LA.

Património geológico português

Marcos Importantes para a Conservação do Património Geológico em Portugal


Assim como uma árvore guarda a memória do seu crescimento e da sua vida no seu tronco, também a Terra conserva a memória do seu passa do, registada em profundidade ou à superfície, nas rochas, nos fósseis e nas paisagens, registo esse que pode ser lido e traduzido (Tradução Prof. Dr. Miguel M. Ramalho).
Declaração Internacional dos Direitos à memória da Terra.

O território nacional é dotado de uma grande diversidade geológica que suporta a vasta biodiversidade existente. Por motivos científicos, pedagógicos ou até mesmo pela sua espetacularidade estes locais de particular interesse geológico acabam por ser expostos e sujeitos a ameaças, pelo que há a necessidade de os proteger e preservar in situ.

Desta forma o Património Geológico pode ser definido como um conjunto de locais e objetos geológicos que pela sua exposição favorável e conteúdo, constituem documentos que testemunham a história da Terra, a sua geodiversidade e podem designar-se genericamente por Locais de Interesse Geológico (Ferreira et al, 2003), abrangendo valores com caracter cientifico, didático, cultural e paisagístico.

Alguns destes locais pelas suas características de raridade, teor didático ou monumentalidade, são designados por monumentos geológicos ou geomonumentos (Galopim de Carvalho, 1998, in Ferreira et al, 2003).

Vejamos alguns exemplos de:

 - Importância científica

 - Importância paleontológica

 - Importância estratigráfica das séries que afloram

O Património Geológico é um assunto complexo, não só por se tratar de casos especiais, mas também porque inclui aspetos como legislação, eventuais áreas com algum tipo de proteção e eventuais conflitos de interesses. desta forma o estudo do Património Geológico só se pode desenvolver através do equilíbrio entre a investigação científica de qualidade, legislação e divulgação-educação junto do grande público.



 
Desta forma há que promover a informação e a formação da sociedade sobre os valores da geodiversidade, isto porque, como já mencionei, a iliteracia cultural é considerada a ameaça mais grave à geodiversidade, já que a própria classe política, não tem um conhecimento razoável sobre a temática, impossibilitando por vezes a proteção em termos legislativos de locais com efetivo interesse geológico e/ou geomorfológico. 

Torna-se urgente a consciencialização do lugar que ocupamos na bio geodiversidade.


Bibliografia:
Documentação gentilmente cedida pela Professora.
http://www.progeo.pt/patgeol.htm - consultado a 29 de Maio de 2012.

Com os meus cumprimentos,
LA.




terça-feira, 22 de maio de 2012

Estratégias de Geoconservaçao


Segundo o Professor Brilha, o nosso país tem assistido, na última década, a um notável desenvolvimento da geoconservação. Está em conclusão um inventário sistemático do património geológico português; a legislação sobre Conservação da Natureza contempla, desde 2008, as noções de geossítio e de património geológico; os programas dos Ensinos Básico e Secundário começam a abordar conceitos de geoconservação; os cursos de licenciatura de Geologia, Biologia e Geografia têm já disciplinas sobre esta temática; e na Universidade do Minho existe, desde 2005, o único curso de mestrado dedicado à formação de especialistas em geoconservação.
Ainda a realçar o interesse demonstrado por diversas autarquias na conservação e promoção do património geológico do seu concelho, sendo os melhores exemplos anualmente reconhecidos pela ProGEO-Portugal na atribuição do Prémio Geoconservação (Idanha-a-Nova-2004, Valongo-2005, Cantanhede-2006, Associação de Municípios Natureza e Tejo-2007, Arouca-2008, Porto-2009, Alcanena-2010).
De facto após enumerar no post anterior as diversas ameaças a que a geodiversidade está sujeita, torna-se urgente a rápida implementação de estratégias de Geoconservação.

No entanto o que são estratégias de Geoconservação?

As estratégias de Geoconservação consistem na caracterização de uma metodologia de trabalho que visa sistematizar as tarefas no âmbito da conservação do Património Geológico de uma dada área (país, província, concelho, área protegida, …). Estas tarefas devem ser agrupadas nas seguintes etapas sequenciais: inventariação, quantificação, classificação, conservação, valorização e divulgação e, finalmente, monitorização. (Brilha, 2005)

Em que consiste cada etapa?

Inventariação
A inventariação de geossítios é a primeira etapa na qual deve ser feito um levantamento sistemático, em toda a área em estudo, depois de se ter concluído um reconhecimento de locais potencialmente relevantes. Nesta fase os geossítios devem ser devidamente assinalados numa carta topográfica e/ou geológica. A inventariação feita no campo deve ser complementada com a consulta de bibliografia especializada sobre a área em estudo.

Quantificação
A quantificação da relevância dos geossítios inventariados é importante na medida em que permitir seriar o conjunto de locais previamente selecionados. O cálculo da relevância pode ser efetuado por dois modos distintos. Através de uma quantificação relativa, baseada na opinião de especialistas que conhecem a área em análise e o tipo de geossítios em questão, ou através de uma quantificação numérica, baseada num conjunto de critérios: intrínsecos ao geossítio, relacionados com o seu uso potencial e com a necessidade de proteção do geossítio.

Classificação
Os geossítios que obtiverem uma maior relevância devem ser propostos para classificação, de acordo com o enquadramento legal vigente. Atualmente, a classificação de geossítios de âmbito nacional pode ser efetuada ao abrigo do Dec. Lei nº 19/93, de 23 de Janeiro.

Conservação
Como a classificação de geossítios não significa que a sua proteção e conservação esteja assegurada, torna-se importante, se um geossítio foi considerado importante por apresentar interesse científico, pedagógico, turístico, ou outro, assegurar que o mesmo seja conservado para assegurar o seu acesso, nas melhores condições possíveis de observação, aos respetivos utilizadores.

Valorização e divulgação
Antes da divulgação de um geossítio devemos ter uma em conta a rigorosa avaliação sobre o risco de deterioração ou até perda do mesmo aquando da sua exposição e utilização por parte do público bem como o enquadramento do mesmo por uma estratégia de conservação.
A valorização e divulgação de um geossítio podem ser feitas pela produção de um painel informativo/interpretativo, pela sua inserção em percursos temáticos ou pela associação a outros elementos do património cultural, arqueológico.

Monitorização
Apesar de ser a última etapa de uma estratégia de geoconservação, não deixa por isso de ser provavelmente uma das mais importantes. É nesta etapa que é importante verificar e analisar a evolução do estado de conservação dos geossítios ao longo do tempo, quer por processos naturais, quer por causas antrópicas.

Uma vez que que todos os geossítios vão sofrendo uma degradação que deverá ser controlada periodicamente, esta monitorização poderá levar à redefinição de toda a estratégia de geoconservação de modo a garantir a manutenção do seu valor máximo de relevância.
Fazendo um apanhado com base no que foi dito nos posts anteriores, não podemos em termos de conservação reduzir a Natureza apenas à sua componente viva. O mundo biótico e abiótico estão inexoravelmente interligados. Desta forma a comunidade geológica tem o dever de cuidar deste património e promovê-lo junto dos responsáveis e das instituições que gerem a Conservação da Natureza.

Bibliografia:

Documentação gentilmente cedida pela professora.

BRILHA, J.  – Património Geológico e Geoconservação: A conservação da Natureza na sua vertente geológica. Braga, Palimage Editores, 2005. ISBN: 978-972-8978-03-7. p 95-110.

http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10570/1/Brilha_2010.pdf - consultado a 23 de Maio de 2012.

Com os meus cumprimentos,
LA.

domingo, 20 de maio de 2012

Atividade - Ameaças à geodiversidade


A subsistência da espécie humana, com os actuais padrões de vida de uma sociedade industrializada, obriga à utilização da geodiversidade e, em alguns casos, à sua destruição.

De facto, se observarmos o ambiente que nos rodeia, constatamos que a geodiversidade está cada vez mais sujeita à destruição, não só por causas naturais de deterioração, como também em resultado das atividades humanas.

Direta ou indiretamente, a atividade humana tem deixado marcas no meio natural, degradando ou mesmo destruindo, total ou parcialmente, um ou vários elementos da diversidade geológica. Estas marcas, ou impactes vão desde o impacte visual causado pela poluição até à interrupção do processo natural, passando pela fragmentação de interesse.

Desta forma a geodiversidade encontra-se hoje ameaçada a diversas escalas e em graus distintos.

Entre as principais ameaças podemos citar:

  • A exploração de recursos geológicos
As atividades de exploração de recursos minerais podem constituir uma ameaça à geodiversidade ao nível da paisagem ou ao nível do afloramento.
Uma das ameaças com maior impacto visual, é a exploração de recursos geológicos e/ou geomorfológicos. As pedreiras são um exemplo bastante expressivo enquanto ameaça aos recursos geológicos, não pela extração em si, mas sim pela quantidade de recursos extraídos globalmente. Um dos problemas fundamentais da extração destes recursos é o impacto paisagístico. Um exemplo encontra-se na vertente Sul da Serra de Sicó, sendo constituído por dois locais de extração de brita, em que uma destas pedreiras é das maiores da Europa. É importante ainda notar que muitas pedreiras abandonadas em Portugal não objeto de recuperação paisagística. Um raro bom exemplo está a ocorrer no Concelho da Batalha, onde uma parceria entre município e empresa privada irá permitir a recuperação paisagística em grande escala numa antiga pedreira.

Outra das ameaças na extração dos recursos geológicos é a extração de raros filões e a destruição de formas de relevo ou o desaparecimento de depósitos raros, utilizados, por exemplo, para a construção civil.

  • O desenvolvimento de obras e estruturas
A atividade antrópica utiliza o meio físico enquanto base para as suas atividades do dia-a-dia e isto implica, cada vez mais, a expansão da área ocupada, seja devido à expansão urbana, seja devido à construção de estradas ou de infraestruturas. O problema a que geralmente se assiste é, fundamentalmente, a execução destas mesmas obras não ter sempre em conta a minimização de alguns impactes, os estudos de impacte ambiental ou mesmo as avaliações de incidência ambiental, que, em regra, não contemplam os impactos sobre a geodiversidade. A geoconservação não é geralmente considerada nestes estudos. Este facto constata-se, por exemplo, na construção de estradas, urbanizações, barragens ou infraestruturas, como espelhos de água e ultimamente em alguns parques eólicos, instalados em áreas muito sensíveis do ponto de vista patrimonial (natural ou cultural).

Um exemplo é a destruição de extensas áreas de lapiás de várias tipologias nas Serras de Ariques e Alvaiázere, devido à construção de infraestruturas.

  • A gestão das bacias hidrográficas
Algumas bacias hidrográficas portuguesas foram sujeitas a enormes intervenções no sentido da regularização de caudais e prevenção de cheias. Estas obras, com um profundo impacte tanto na geodiversidade como na biodiversidade, passam pela construção de barragens, diques e canais que alteram a dinâmica natural dos cursos de água. Um caso exemplar foi a intervenção feita na bacia do Rio Mondego (Brilha, 2005).


  • A Florestação, desflorestação e agricultura
O crescimento da vegetação pode constituir, por si só, um fator de ocultação das características geológicas (Brilha, 2005).
Antes do conhecido fenómeno, “êxodo rural”, muitas áreas do interior de Portugal eram cuidadas, os campos cultivados e o mato cortado. Atualmente, muitas dessas áreas estão abandonadas, promovendo não só o agravar da problemática dos incêndios, mas também a ocultação de elementos geológicos e geomorfológicos de elevado valor, até então visíveis.
Desta forma os incêndios promovem a erosão dos solos, já que com extensas áreas desflorestadas e sem vegetação, estes facilmente são erodidos pelas primeiras chuvas.
Algumas regiões foram radicalmente transformadas em poucas décadas, como é o caso do Alentejo, em benefício de práticas agrícolas, ameaçando parte da geodiversidade da região, já que a agricultura intensiva facilmente causa impactes muito negativos sobre os solos e erosão dos mesmos. A utilização de adubos é também fator de grande ameaça de um dos valores mais esquecidos da geodiversidade, os recursos aquíferos.


  • As atividades militares
O desenvolvimento de atividades militares por vezes corre, em zonas sensíveis, quer para a geodiversidade quer para a biodiversidade e contribui para o aumento da erosão dos solos para a contaminação dos solos e das águas superficiais e subterrâneas.

O impacte das atividades militares sobre o meio ambiente não tem sido discutido em Portugal, mas o mesmo já não acontece em países envolvidos em intensas atividades militares, nos quais os impactes sobre a geodiversidade são já englobados nos estudos de avaliação.


  • As atividades recreativas e turísticas
As atividades turísticas e recreativas estão cada vez mais em voga e representam um mercado com muito potencial. O intitulado “turismo verde” é cada vez mais um objeto apetecido, especialmente pelos habitantes das grandes cidades, que, muitas vezes, sem referências, se deslocam a áreas muito sensíveis e frequentemente provocam impactos negativos sobre locais muito apelativos, mas também muito frágeis do ponto de vista ambiental. Esta situação é agravada pelo facto destas áreas de grande valor patrimonial não terem muitas vezes planos de gestão, ou mesmo inventários de elementos em risco.


  • A colheita de amostras geológicas para fins não científicos
Esta atividade tem sido responsável por uma verdadeira delapidação de um património natural que a todos pertence (Brilha, 2005).
As amostras geológicas para fins não científicos são um bom exemplo desta problemática, uma vez que tem como objetivo o lucro ou o enriquecimento de coleções privadas.

As visitas de estudo são outro bom exemplo de colheita destas amostras. No caso de haver alguns fósseis ou amostras geológicas raras, é fundamental preservar estas mesmas amostras, não as recolhendo, senão para fins científicos.


  • A iliteracia cultural
Uma outra ameaça é a falta de informação da sociedade sobre os valores da geodiversidade. Brilha (2005), refere a iliteracia cultural, termo mais abrangente para esta ameaça muito presente nas sociedades atuais.
A iliteracia cultural é considerada a ameaça mais grave à geodiversidade, já que a própria classe política, não tem um conhecimento razoável sobre a temática, impossibilitando por vezes a proteção em termos legislativos de locais com efetivo interesse geológico e/ou geomorfológico.


O desconhecimento dos valores da biodiversidade e da geodiversidade, bem como a sua importância como contributo fundamental para o Homem e para os vários sistemas vivos, podem originar situações que levadas a extremos nos conduzirão à dizimação de um património único.


O problema não se prende com o usufruto e utilidade deste património do qual o Homem pode beneficiar, o problema está em não saber utilizá-lo corretamente.

É cada vez mais urgente consciencializar o cidadão do lugar que ocupa na bio e na geodiversidade e do modo como melhor se articular com elas, no respeito pelo equilíbrio ambiental, pela melhoria da qualidade de vida e pela preservação do património a legar aos vindouros (Brilha, 2005).



Bibliografia:

Documentação gentilmente cedida pela professora.
BRILHA, J.  – Património Geológico e Geoconservação: A conservação da Natureza na sua vertente geológica. Braga, Palimage Editores, 2005. ISBN: 978-972-8978-03-7. p 40-51.

http://cm-batalha.pt/print.php?id=674 - consultado a 18 de Maio de 2012.





Com os meus cumprimentos,
LA.

Geologia: existem 326 locais com interesse científico fundamental


Geologia: existem 326 locais com interesse científico fundamental
Primeiro inventário do país indica locais a preservar
2012-03-02

José Brilha é coordenador do projecto.

A inventariação geológica completa do território português é de importância científica e estratégica fundamental e foi concluído recentemente sob coordenação do Departamento de Ciências da Terra da Escola de Ciências da Universidade do Minho.

Segundo José Brilha, docente e coordenador do projecto, que envolveu mais de 70 cientistas de universidades e associações e a Fundação para a Ciência e Tecnologia, “já existia um levantamento feito ao nível da fauna e da flora, mas era fundamental classificar locais de valor abiótico [influências que os seres vivos recebem num ecossistema], com interesse científico, revelando a importância de ser gerido e preservado pelas autoridades nacionais que tratam da conservação da natureza”.
A inventariação localizou 326 locais com interesse científico fundamental para o conhecimento geológico do país. O levantamento teve em conta, não só o valor científico dos locais, mas também a vulnerabilidade deste património. Alguns dos geo-sítios apresentam risco de destruição devido à ausência de políticas adequadas de gestão. A lista geral inclui, por exemplo, o granito de Lavadores (Gaia), o fojo das Pompas (Valongo), os blocos erráticos de Valdevez (Gerês), as minas da Borralha (Montalegre), os fósseis da Pereira do Valério (Arouca) e o inselberg de Monsanto (Idanha-a-Nova).

Geo-sítios a preservar e divulgar

A lista de geo-sítios a preservar inclui os blocos erráticos de Valdevez (Gerês).

José Brilha enfatiza que “há locais que não devem ser destruídos, pois são importantes testemunhos científicos dos acontecimentos-chave que marcaram a história do planeta, nomeadamente do território português”. Por isso, o estudo deverá agora conhecer uma fase de “validação junto do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, conseguindo que este organismo passe a gerir também este património natural”. A investigação vai dar origem a um livro que pretende dar a conhecer a riqueza geológica nacional.

O projecto dá a Portugal os instrumentos necessários para implementar uma política de geoconservação, com base neste conjunto de locais que correspondem às ocorrências da geodiversidade com valor científico. Paralelamente, o objectivo dos investigadores é “cruzar informação com os colegas espanhóis, que realizaram em Espanha um estudo semelhante, para, em conjunto, definir um inventário à escala Ibérica”.

Numa fase posterior, é objectivo articular, nomeadamente com a França e Itália, a inventariação do sul da Europa, visando num médio prazo classificar geologicamente a Europa. “Em Portugal tínhamos um ligeiro atraso neste campo, pelo que agora estamos em condições de comparar o nosso património geológico com o dos outros países. Aliás, para a sua área geográfica, Portugal é dos países europeus com maior geodiversidade”, acrescenta



LA.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Atividade 3 - Geodiversidade, Geoconservação e Património geológico

O que é a geodiversidade?

Ao contrário do termo biodiversidade, o conceito análogo relativo à diversidade geológica não tem conquistado o mesmo grau de reconhecimento junto da sociedade.(Brilha, 2005). 

De acordo com a Royal Society for Nature Conservation: A geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos activos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra.

No entanto segundo Murray Gray este conceito foi sendo alterado ao longo dos tempos e segundo vários autores:

Data
Autor
Definição
1980
Kevin Kiernan
“landform diversity” and “geomorphic diversity”
1993
Sharples
“the diversity of earth features and systems”
1994
Wiedenbein
“geodiversity was used in relation to geotope conservation"
1994
Erikstad, Harley, Todorov
"Geological diversity but not the shortened form"
1996 a 2002
Dixon, Eberhard,
"The range or diversity of geological (bedrock), geomorphological (landform) and soil features, assemblages, systems and processes"
Sharples and Australian Heritage Commission
1996 a 2003
Nordic Council of Ministers / Johansson
"The complex variation of bedrock, unconsolidated deposits, landforms and processes that form landscapes (...)Geodiversity can be described as the diversity of"geologicaland geomorphological phenomena in a defined area
1997 a 2000
Gray
"perhaps one day we will see (...) a Geodiversity Action Plan for the UK to rank alongside its biological counterpart”
1998
Burnettet et al.Nichols et al.
“geomorphological heterogeneity”, suggesting “geodiversity”
2001
Stanley
"It is the link between people, landscapes and culture; it is the variety of geological environments, phenomena and processes that make those landscapes, rocks, minerals, fossils and soils which provide the framework for life on Earth"
2001
Erikstad & Stabbetorp
"Used the term in relation to natural areas and environmental impact assessment"
2001
Gordon & Leys
"The present book aims to be a coherent, wide-ranging and international discussion of the principles of geodiversity and practices of geoconservation, and is the first such treatment"
2002
Prosser
"Geoconservation is “Earth heritage conservation”, but this is longer, duplicates the shorter term and has an ambiguous meaning since many people see it as including biological components of the Earth"

Como surge o termo Geoconservação?

A geodiversidade é ameaçada pela exploração de recursos geológicos, desenvolvimento de obras e estruturas, gestão das bacias hidrográficas, florestação, desflorestação e agricultura, atividades militares, atividades recreativas e turísticas, colheita de amostras geológicas para fins não científicos e iliteracia cultural.

O termo Geoconservação é um conceito recente e a sua definição ainda não é consensual entre os especialistas. Contudo de um modo geral podemos dizer que a Geoconservação tem como missão a preservação da diversidade natural (geodiversidade) de significativos aspetos e processos geológicos (substrato), geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, mantendo a evolução natural (velocidade e intensidade) desses aspetos e processos.

Faz parte da condição humana querer proteger, ou conservar aquilo a que atribui valor ou interesse. Segundo Gray (2004), existem sete valores da geodiversidade: intrínseco, cultural, estético, económico, funcional, científico e educativo.

A Geoconservação só deve ser concretizada depois da definição do que deve ser considerado como Património Geológico, da sua caracterização e da quantificação do seu interesse, relevância e vulnerabilidade.

O que é o então o Património Geológico?

Por Património Geológico entende-se o conjunto de locais e objetos geológicos que, pela sua favorável exposição e conteúdo, constituem documentos que testemunham a história da Terra, ou seja, a sua geodiversidade. São também conhecidos como Locais de Interesse Geológico.Alguns destes locais, pelas suas características de raridade, didatismo ou monumentalidade são designados por monumentos geológicos ou geomonumentos.

Este património tem sido alvo de interesse, uma vez que é constituído por recursos naturais não renováveis e a sua caracterização revela-se de grande importância. Torna-se imperativo definir estratégias para a sua preservação (geoconservação).

Apesar da maioria das áreas protegidas não ter tradição na implementação de estratégias de geoconservação, temos assistido recentemente em Portugal ao desenvolvimento de trabalhos que contribuem para este fim. Neste sentido, algumas áreas protegidas têm procedido à recolha de informação relativa ao seu património geológico e promovido a sua divulgação através da elaboração de literatura temática e colocação, em locais de interesse geológico previamente selecionados, de painéis informativos/interpretativos e através da criação de circuitos de lazer turístico-científicos, que podem servir de pólos de atração e de dinamização de algumas regiões.

Desta forma, o geoturismo pode contribuir para o desenvolvimento sustentável de regiões mais desfavorecidas, dando resposta a uma procura crescente por parte de um tipo de público que se afasta das áreas turísticas tradicionais.

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Bibliografia:

Documentação gentilmente cedida pela professora.
http://www.progeo.pt/patgeol.htm- consultado a 6 de Maio de 2012.

Com os meus cumprimentos,
LA.