Segundo o Professor
Brilha, o nosso país tem assistido, na
última década, a um notável desenvolvimento da geoconservação. Está em
conclusão um inventário sistemático do património geológico português; a legislação
sobre Conservação da Natureza contempla, desde 2008, as noções de geossítio e
de património geológico; os programas dos Ensinos Básico e Secundário começam a
abordar conceitos de geoconservação; os cursos de licenciatura de Geologia,
Biologia e Geografia têm já disciplinas sobre esta temática; e na Universidade
do Minho existe, desde 2005, o único curso de mestrado dedicado à formação de
especialistas em geoconservação.
Ainda
a realçar o interesse demonstrado por diversas autarquias na conservação e
promoção do património geológico do seu concelho, sendo os melhores exemplos
anualmente reconhecidos pela ProGEO-Portugal na atribuição do Prémio
Geoconservação (Idanha-a-Nova-2004, Valongo-2005, Cantanhede-2006, Associação
de Municípios Natureza e Tejo-2007, Arouca-2008, Porto-2009, Alcanena-2010).
De facto após enumerar
no post anterior as diversas ameaças
a que a geodiversidade está sujeita, torna-se urgente a rápida implementação de
estratégias de Geoconservação.
No entanto o que são estratégias de Geoconservação?
As estratégias de Geoconservação consistem na caracterização de uma metodologia de trabalho que visa sistematizar as tarefas no âmbito da conservação do Património Geológico de uma dada área (país, província, concelho, área protegida, …). Estas tarefas devem ser agrupadas nas seguintes etapas sequenciais: inventariação, quantificação, classificação, conservação, valorização e divulgação e, finalmente, monitorização. (Brilha, 2005)
Em
que consiste cada etapa?
Inventariação
A inventariação de
geossítios é a primeira etapa na qual deve ser feito um levantamento sistemático,
em toda a área em estudo, depois de se ter concluído um reconhecimento de
locais potencialmente relevantes. Nesta fase os geossítios devem ser
devidamente assinalados numa carta topográfica e/ou geológica. A inventariação
feita no campo deve ser complementada com a consulta de bibliografia
especializada sobre a área em estudo.
Quantificação
A quantificação da
relevância dos geossítios inventariados é importante na medida em que permitir
seriar o conjunto de locais previamente selecionados. O cálculo da relevância
pode ser efetuado por dois modos distintos. Através de uma quantificação
relativa, baseada na opinião de especialistas que conhecem a área em análise e
o tipo de geossítios em questão, ou através de uma quantificação numérica,
baseada num conjunto de critérios: intrínsecos ao geossítio, relacionados com o
seu uso potencial e com a necessidade de proteção do geossítio.
Classificação
Os geossítios que
obtiverem uma maior relevância devem ser propostos para classificação, de
acordo com o enquadramento legal vigente. Atualmente, a classificação de
geossítios de âmbito nacional pode ser efetuada ao abrigo do Dec. Lei nº 19/93,
de 23 de Janeiro.
Conservação
Como a classificação de
geossítios não significa que a sua proteção e conservação esteja assegurada,
torna-se importante, se um geossítio foi considerado importante por apresentar interesse
científico, pedagógico, turístico, ou outro, assegurar que o mesmo seja
conservado para assegurar o seu acesso, nas melhores condições possíveis de observação,
aos respetivos utilizadores.
Valorização e divulgação
Antes da divulgação de
um geossítio devemos ter uma em conta a rigorosa avaliação sobre o risco de
deterioração ou até perda do mesmo aquando da sua exposição e utilização por
parte do público bem como o enquadramento do mesmo por uma estratégia de conservação.
A valorização e
divulgação de um geossítio podem ser feitas pela produção de um painel informativo/interpretativo,
pela sua inserção em percursos temáticos ou pela associação a outros elementos do
património cultural, arqueológico.
Monitorização
Apesar de ser a última
etapa de uma estratégia de geoconservação, não deixa por isso de ser
provavelmente uma das mais importantes. É nesta etapa que é importante
verificar e analisar a evolução do estado de conservação dos geossítios ao longo
do tempo, quer por processos naturais, quer por causas antrópicas.
Uma vez que que todos os geossítios vão sofrendo uma degradação que deverá ser controlada periodicamente, esta monitorização poderá levar à redefinição de toda a estratégia de geoconservação de modo a garantir a manutenção do seu valor máximo de relevância.
Fazendo um apanhado com
base no que foi dito nos posts
anteriores, não podemos em termos de conservação reduzir a Natureza apenas à
sua componente viva. O mundo biótico e abiótico estão inexoravelmente
interligados. Desta forma a comunidade geológica tem o dever de cuidar deste património
e promovê-lo junto dos responsáveis e das instituições que gerem a Conservação
da Natureza.
Bibliografia:
Documentação
gentilmente cedida pela professora.
BRILHA, J.
– Património Geológico e Geoconservação: A conservação da Natureza na
sua vertente geológica. Braga, Palimage Editores, 2005. ISBN:
978-972-8978-03-7. p 95-110.
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/10570/1/Brilha_2010.pdf
- consultado a 23 de Maio de 2012.
Com os meus cumprimentos,
LA.
Com os meus cumprimentos,
LA.
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