sexta-feira, 20 de abril de 2012

Tema 2 - Ameaças à biodiversidade


A história da vida na Terra tem sido uma sucessão de espécies com desaparecimento de algumas e a evolução de outras. As extinções têm ocorrido constantemente ao longo dos temos geológicos mas, em regra a diversidade especifica tem sido mantida, embora com flutuações. A Terra já enfrentou 5 extinções em massa, também designadas pelas “Big Five”.

Segundo Ahmed Djoghlaf (secretário executivo da Convenção para a Diversidade Biológica da ONU):
 "Estamos a experimentar a maior onda de extinções de espécies depois do desaparecimento dos dinossauros. A cada hora, três espécies desaparecem. A cada dia que passa, extinguem-se mais de 150 espécies. A cada ano, entre 18 mil e 55 mil espécies desaparecem do mundo".

Podemos desta forma encarar a extinção como um processo natural. O que já não podemos aceitar como natural é a velocidade a que atualmente as espécies estão a desaparecer!

Porquê?

Se compararmos a taxa de extinção das espécies ao longo da história geológica, percebemos que atualmente esta taxa é 100 a 1.000 vezes superior à taxa natural, e muito mais elevada do que a taxa que permite o aparecimento de novas espécies.

Nos últimos 50 anos, como o aumento do crescimento demográfico, do desenvolvimento económico e dos anseios por melhores condições de vida, o ser humano provocou alterações rápidas e extensivas no meio ambiente do que em qualquer outro período da sua história. O resultado foi uma perda relevante e em alguns casos irreversível da diversidade na vida da Terra, comprometendo desta forma as gerações futuras.

Mas, o que ameaça a biodiversidade?
São várias as ameaças à biodiversidade. A atividade humana é considerada a principal responsável. De acordo com o Millennium Ecosystem Assessment, realizado entre 2001 e 2005, a mudança dos padrões globais da biodiversidade está relacionada:  

a) Indiretamente com aspetos demográficos, económicos, sociopolíticos, culturais, religiosos, científicos e tecnológicos;  

b) Diretamente com a alteração dos habitats, alterações climáticas, introdução de espécies exóticas, sobre-exploração de espécies e poluição:
  •   Alteração dos habitats
A perda e degradação de habitat são a principal ameaça à biodiversidade. Afetam 86% de todas as aves ameaçadas, 86% dos mamíferos ameaçados e 88% dos anfíbios ameaçados.
Fenómenos naturais como a seca, os vulcões, o fogo, as pequenas variações de temperatura, as chuvas sazonais e os terremotos são causas naturais de perda de habitat. Contudo as principais razões da fragmentação, degradação e perda dos habitats, são as alterações no uso dos solos pelas atividades humanas como agricultura, pecuária, desenvolvimento de infraestruturas, exploração de recursos florestais e rápida urbanização.

Factos: As terras agrícolas cobrem mais de 25% da superfície terrestre, exceto a Antártida. Nos últimos tempos, a superfície das matas na Terra teve redução de 40%, os pântanos, de 50%, os recifes de coral, de 20% e os mangais, de 35%.
Factos: A pesca em alto mar causa grandes danos nos fundos submarinos, com uma perda potencial de milhões de espécies e recursos genéticos associados. Quase dois terços (60%) dos grandes rios foram perturbados por barragens e canais. A população utiliza 45% da água que alimenta os rios. O Mar de Aral, que no passado era o 4º maior mar interno do mundo, poderá desaparecer na próxima década.
  •   Alterações climáticas
Desde a sua origem que o planeta Terra tem sofrido periodicamente alterações no clima, alternando entre períodos glaciares e outros com clima mais ameno. Estas variações climáticas podem ser explicadas devido às alterações na intensidade da radiação solar, à inclinação do eixo da Terra e à curvatura da sua órbita em torno do Sol, que modificam o clima numa escala de milhares de anos. Outros fatores que influenciam o clima são a disposição dos continentes e as correntes marinhas.
No entanto, desde a revolução industrial, a ação do Homem tem produzido alterações climáticas, principalmente através da emissão de gases com efeito de estufa, que provocaram um aquecimento global do clima. O aumento de temperatura média é acompanhado por fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes, que afetam o bom funcionamento dos ecossistemas.

Factos: O aumento da temperatura dos oceanos e as alterações químicas induzidas pela absorção de dióxido de carbono poderão provocar a morte de 95% dos corais da Grande Barreira, na Austrália, até 2050.
Factos: Em África, secas mais longas e a pressão sobre o habitat já fragilizado deixam os elefantes muito vulneráveis às mudanças climáticas.
Factos: Na Ásia, a elevação do nível do mar poderá causar o desaparecimento dos mangais, apresentando um risco para a viabilidade da economia local.
  •   Introdução de espécies exóticas
A maioria das espécies é impedida de se expandir por barreiras físicas, ambientais e climáticas. A introdução de espécies exóticas pode ser acidental ou intencional e é considerada a segunda maior causa de extinção de espécies, uma vez que interfere na organização das relações entre espécies e prejudica os serviços fornecidos pelos ecossistemas, particularmente em ecossistemas isolados, como rios e ilhas. A frequência de introdução destas espécies aumentou de forma significativa nos últimos anos, devido às atividades humanas (turismo, comércio) e ao crescimento demográfico.

Factos: A introdução da perca do Nilo no Lago Vitória, na África, provocou a extinção de 200 espécies de peixes endémicas.
Factos: A importação do sapo cururu (bufo marinus) pelo governo da Austrália, com objetivo de controlar uma peste nas plantações de cana-de-açúcar no nordeste do país, tornou-se noutro problema para os produtores, e não numa solução, uma vez o animal se revelou num predador voraz de répteis e anfíbios nessa região.
  •  Sobre-exploração de espécies
A sobre-exploração da biodiversidade por atividades, como a caça, a pesca e a extração de matérias-primas, desgasta esse capital natural, perturbando as relações no ecossistema, diminuindo o número de espécies e a riqueza do potencial genético, o que pode provocar a extinção de espécies.
Estima-se que, com a atual taxa de extração, todas as espécies de peixes atualmente comercializadas no mundo serão extintas até 2048. 

Factos: A pesca do bacalhau no Atlântico, uma das mais produtivas do mundo, é avaliada hoje a menos de 1% de sua capacidade original, com efeitos devastadores nas comunidades locais. 
Factos: Na Ásia, a exploração da madeira para a construção destrói grandes extensões de florestas tropicais, riquíssimas em biodiversidade. 
Factos: A caça, especialmente em África, reduz a diversidade das espécies de animais de grande porte, como o elefante, o rinoceronte e a girafa.
  •   Poluição
A poluição resultante da atividade humana é também uma grave ameaça à biodiversidade do planeta. A mesma é caracterizada quando o volume de resíduos produzidos pelo Homem é maior do que a capacidade do ecossistema em absorvê-los sem ter de alterar seu próprio funcionamento.
Os Gases com efeito de estufa, os fertilizantes, os efluentes agrícolas e os resíduos tóxicos prejudicam os ciclos e relações no ecossistema, afetando negativamente a biodiversidade. 
Factos: Na Suécia, a poluição e a acidez das águas impede a sobrevivência de peixes e plantas em quatro mil lagos do país. 

...

A mãe natureza sempre nos alimentou, curou e protegeu. No entanto, hoje já não suporta a pressão que a humanidade lhe tem provocado. Precisa urgentemente de ser alimentada, curada e protegida. 

Temos que agir já e de forma preventiva (Princípio da Precaução – CNUMAD, 1992). Temos tecnologia e capacidade para mudarmos o mundo, e só falta na verdade uma consciencialização mais ampla dos verdadeiros problemas que estamos a enfrentar. 

Não nos devemos acomodar e esperar pela confirmação das previsões para então tomarmos medidas corretivas, geralmente caras e ineficazes.


LA.
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Bibliografia e Webgrafia:
Documentação gentilmente cedida pela professora
Millennium Ecosystem Assessment (2005) Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, D.C., pp 8-10 e  42-59.
http://www.acpo.org.br/princ_precaucao.htm- consultado a 18 de Abril de 2012

2 comentários:

  1. Extremamente enriquecedor seu texto, LA. Parabéns pela explanação e opinião. ^.^

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  2. As crianças de hoje em dia não larga o celular para nada, por isso instalei o aplicativo Bruno Espião no celular dos meus filhos, estou muito mais calma.Sei tudo que estão fazendo e com quem estão conversando. https://brunoespiao.com.br/espiao-de-sites-visitados

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